
(...)
Na casa ficavam as mulheres. Com elas, moças que viam a meninice passar, esperando seus irmãos, seus pais, um pretendente que pudesse transpor a porteira só para cruzá-la novamente rumo à morte.
Aqueles foram tempos de espera.
E a espera trazia a incerteza, a angústia, o medo e a solidão, que disputava com a insanidade um lugar no coração do pampa. Mas na casa também repousavam a vida e a obstinação. A esperança de que uma ferida não fosse encontrar a morte ao cair da noite. Na casa as mulheres colocavam as dores para quarar ao sol.
E rezavam, crentes. Cozinhavam os doces e teciam as roupas, silentes. E amavam, amavam com gana e com fé, agarradas a esperanças que só dividiam com a escuridão do pampa.
Na casa do general farroupilha Bento Gonçalves da Silva, líder tenaz de um povo insurreto, ficaram Ana Joaquina, Maria, Manuela, Mariana, Rosário, Perpétua e Caetana - e por que não dizer Beth Mendes, Nívea Maria, Camila Morgado, Samara Felippo, Mariana Ximenes, Daniela Escobar e Eliane Giardini.

(...)
Essa história não é apenas uma história do povo gaúcho.
Não é apenas das mulheres - suas dores e seus amores - nem apenas dos homens e de seu sangue derramado.
Uma história apaixonada que comoveu uma equipe que se transformou em uma família comandada por um pai exigente, obstinado, determinado e, ainda assim, doce.
O fim do dia trouxe lágrimas aos olhos de muitos - emoção que se repetiria muitas vezes, em várias outras cenas conquistadas, e não apenas gravadas. Algo aconteceu naquele vale das sete mulheres, no sétimo dia em que Jayme Monjardim pisava o Rio Grande do Sul: a certeza de que todas as pessoas ali respiravam aquela história de amor, estavam tomadas por ela, viviam-na. Ali, o que era história de um povo passou a ser realidade.
Diário completo: http://www.jaymemonjardim.com.br/casa_sete_mulheres/